Frida e Diego em Detroit - Por Rauda Jamis

Na pesquisa que iniciei em 2008 sobre a pintora Frida
Kahlo,encontrei diversos episódios que me tocaram muito
e que - por enquanto - não fazem parte da peça.
Pois resolvi transcrevê-los aqui, gradativamente, con-
forme as releituras e redescobertas sobre a Frida forem
povoando meus dias, meus pensamentos...


"No ano de 1932, numa festa em casa de Henry Ford, quando Frida dançava com seu anfitrião, este lhe disse:
- Você está com um vestido muito bonito, cara Frida.
- Também acho, caro senhor - respondeu-lhe ela. - O senhor acha então que os comunistas devem andar mal vestidos?
- Não foi isso que eu quis dizer - disse Ford.
- Disseram-me que Diego e eu estamos hospedados no melhor hotel da cidade...e que o hotel é de sua propriedade.
- De fato, de fato...
- Também nos disseram porque é o melhor hotel da cidade.
Henry Ford, sorriu com amabilidade.
- Porque lá não recebem judeus - acrescentou Frida, afastando-se um pouco para observar melhor o efeito de suas palavras.
Ford não respondia. Frida continuou...
- Em todo o caso, sei que Diego e eu temos sangue judeu nas veias. E que o senhor está dançando comigo.
Frida provocava Ford de propósito. Ford não reagia, porém sobressaltou-se quando ela perguntou-lhe à queima roupa, no meio dos casais que dançavam naquele salão de baile:
- Diga-me, Senhor Ford, o senhor é judeu?"

Pág. 150 - JAMIS, Rauda - Frida Kahlo - Ed. Martins Fontes

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